quinta-feira, dezembro 29, 2005

...antes de adormecer

O fim do ano está próximo e todos se preparam para a grande noite. Acho piada a isto. Aquele momento em que contamos “10,9,8,7,6,5,4,3,2,1...”. Sentimo-nos felizes por este ano acabar e começar outro. O novo ano é sempre melhor, ou pelo menos é o que se espera dele. Para mim é mais um dia igual aos outros, só com uma diferença... temos desculpa para fazer uma festa (como se fosse preciso).
Terminado o assunto do ano novo, passo ao que realmente (me) interessa: o momento em que nos deitamos na cama. Todas as noites me deito e todas as noites passo por isto: Quando apago a luz e me tapo com os lençóis começa um dos melhores momentos que tenho na vida. Fico de olhos abertos a olhar para o tecto onde as estrelas brilham pouco, olho para a luzinha vermelha da televisão, olho para os desenhos na parede que se transformaram em silhuetas pretas... enquanto faço isto, penso no dia que tive, nas coisas que vou fazer amanhã, nas pessoas que estão cá, nas pessoas que estão lá, nas pessoas que cá estiveram e que cá não voltam. Por vezes o silêncio esmaga-me e as lágrimas saem. Penso no excelente mundo em que vivemos e na merda de pessoas que ele tem, penso nos meus amigos e na sorte que tive. Penso na minha infância, que foi das melhores que uma criança pode ter, penso na morte que mais tarde ou mais cedo me vai acontecer... Sinto que o mundo é enorme e que nunca o vou conhecer por completo, e por outro lado vejo-o minúsculo como a cabeça de um alfinete. Afinal é só um planeta no meio do infinito, e este é o limite.
É neste curto espaço de tempo, que encontro quem já não posso ver, viajo por sítios que não vou conhecer e que realizo sonhos que simplesmente não passam disso. É neste curto espaço de tempo que o meu coração acelera cheio de ansiedade e felicidade, e é neste curto espaço de tempo que o meu coração pára e me deixa deprimido...com saudade.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

happy birthday jesus

É natal. De ano para ano a situação piora. As pessoas são obrigadas a comprar prendas quer queiram quer não! É incrível! Vendo bem as coisas, o natal é o dia de aniversário de um sujeito que pelos vistos fez muita coisa por todos nós. A única coisa que não me entra na cabeça é a dimensão desta festa! O homenzinho fez alguns milagres e tal, foi crucificado, mais tarde ressuscitou (outra festa) e pronto...basicamente foi isto. A questão que se coloca é: será que isto lhe dá o direito de ter uma festa em memória dele? Ainda por cima a maior de todas! Compramos prendas uns para os outros, enfeitamos as casas, ficamos com aquele espirito parvo...e quando chega o dia 25 festejamos com toda a família e comemos à grande e à francesa. Se pensarmos bem, trata-se do aniversário de um homem morto há uns bons aninhos! Quando alguém morre, deixamos de festejar o seu aniversário! Porque raio é que temos de festejar o dele? Ele morreu, nunca o conhecemos e ainda por cima não é da nossa família! O natal é uma festa estranha e sem sentido nenhum. É um aniversário sem aniversariante, tem muitos bolos mas nenhum com velas, tem muitas prendas mas nenhuma é para o fulano que faz anos. Não digo que o natal é escusado e desnecessário, porque não o é. Provavelmente é o único dia do ano em que conseguimos juntar a família toda, reunida à mesa a falar, a rir e a recordar. Na minha opinião o natal devia ser melhor fundamentado, porque com esta história do aniversário do rapazito dos milagres, isto não faz muito sentido...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

deficientes e eficientes

Olhar para um zarolho é das coisas que nos deixam mesmo mal. Pensamos sempre: “Qual é o olho para o qual devo olhar?”. Ele pode estar a falar durante minutos, mas nós na verdade, nem estamos ralados com o que ele diz, estamos é preocupados se olhamos para o olho certo. Isto serve para convencermo-nos de que não nos faz impressão falar com um zarolho, e que ele pode estar à vontade e sentir-se bem com ele próprio. Aliás, quando estamos com alguém gostamos sempre de dizer que temos um amigo deficiente, ceguinho ou surdo, e que isso não trava qualquer tipo de relação com ele. E mais! Somos tão bons, que nem damos conta da deficiência do nosso super amigo! ...é claro que não concordo com isto. Posso estar errado ao afirmar que as pessoas dizem isto da boca para fora, e não do fundo do coração, mas sinceramente acho que a maioria não consegue separar a deficiência em si da pessoa. Eu pelo menos quando falo com um zarolho, um maneta ou um de cadeira de rodas, não consigo evitar de pensar (nem que seja por um segundo), que ele é deficiente. Infelizmente existem pessoas com deficiências físicas e motoras, umas mais visíveis ou problemáticas que outras... não vamos é fingir que essas mesmas deficiências não estão lá, e não vamos ficar orgulhosos de conseguir ter uma amizade ou uma simples conversa com um deficiente. A próxima vez que falarem comigo reparem nos pelinhos e pontos negros que tenho no nariz! São o máximo! Óptimos para evitar ouvir a minha conversa.