sexta-feira, julho 21, 2006

febre amarela

Existem certas coisas que não fazem sentido. Uma delas são as legendas amarelas. Conseguem tornar um bom filme num péssimo filme, e no entanto são só legendas. Sentamo-nos no sofá, temos as pipocas, temos a bebida, os pés estão descalços, os estores estão quase fechados, parece estar tudo pronto para o inicio do filme. Play no comando e cá vai disto! Levantamos o som para nos entregarmos totalmente ao filme e eis que este começa...o genérico é a passagem para dentro do filme, para a sua história, e desperta-nos emoções e alguma ansiedade. A música é a cereja em cima do bolo, e consegue mesmo pôr-nos com pele de galinha. Sentimo-nos bem porque definitivamente o filme promete! O genérico acaba de uma maneira subtil, aparece um personagem que resolve falar, resultando nas maravilhosas legendas amarelas...os nossos olhos contraem-se com a luminosidade da coisa, o nosso coração ameaça uma paragem cardíaca, o nosso cérebro tenta não acreditar naquilo que viu e aguardamos petrificados, suados e a engolir em seco pela próxima fala e legenda. Rapidamente ela resolve aparecer e é aqui que o sentimento de revolta misturado com frustração apodera-se de nós. Caímos como um peso morto no sofá, os nossos olhos ficam vermelhos e é dada a ordem para as lágrimas partirem. As pipocas espalham-se pelo chão, envolvendo-se com cotão e alguns pelos do gato. Uma tarde de cinema caseiro foi por água abaixo, dando lugar a uma tarde depressiva, em que a única questão que fazemos a nós próprios é: “Mas porquê?”.

quinta-feira, julho 13, 2006

senhor agente da autoridade

Chui, s. m. (gír.) polícia.

Chui é uma palavra estranha e que ninguém usa. Em todos estes anos de vida, nunca ouvi ninguém dizer chui. Só a utilizam nas traduções dos filmes e sinceramente também não compreendo...usem polícia em vez de chui! Alguém já ouviu dizer na rua: “Oh senhor chui, pode-me dizer onde fica esta rua?” ou então “Socorro, chamem os chuis!”. Sendo assim existem vários tipos de chui, vejamos: Chui à paisana, chui militar, chui de trânsito, chui sinaleiro, chui a cavalo, cães chui e o meu preferido: chui de choque. Tantos chuis e nenhum consegue intimidar, nem mesmo o chui de choque. Nunca ouvimos ninguém a dizer na escola que o pai dele era chui! Polícia era...agora chui, nunca! Que vergonha...imaginem a turma toda a gozar com a criança: “O teu pai é chui! O teu pai é chui!”. Traumas que ficam para sempre com certeza. Mudando radicalmente de assunto, hoje regressava a casa de comboio, vinha a falar com um amigo, passou um comboio na outra linha, o vidro da janela rebenta e ficámos cobertos de vidros. Vidros na cabeça, vidros na cara, vidros na roupa, vidros nas costas, vidros nos braços, vidros nos pés. Lá fiquei cheio de pontinhos vermelhos de sangue no braço. Acho que é um caso para a chui judiciária.