sábado, outubro 03, 2009

três é demais

É impressão minha, ou nos últimos tempos as pessoas resolveram adoptar mais um nome? Exemplifiquemos com alguém fictício: a Joana Pereira, agora é Joana Alves Pereira. Isto só porque sim. Acredito que seja uma fase, tal como a crise, e que todos voltem a simplificar os nomes muito em breve. Se não é moda, é porque o país está a virar à direita, isto porque as pessoas de direita é que gostam de usar três nomes. Ou então não passa de pura parvoíce, e é só um jogo para as pessoas se sentirem mais ricas, mais importantes e mais "finas".
Há ainda a hipótese da emancipação das mães, que agora querem lutar pela colocação e reconhecimento do seu nome de família, no nome dos filhos. Se a moda pega, voltaremos à monarquia com certeza, e a Joana Pereira, que agora é Joana Alves Pereira, vai ter netos com mais de uma dúzia de nomes.
Outra coisa chata nesta gente, é que fazem questão de dar importância a três nomes no próprio e-mail. Resultado, a-gente-dos-dois-nomes perde tempo a escrever mails à gente-dos-três-nomes.
As pessoas complicam demais com esta história do nome. Quando estamos para parir um filho é um vê-se-te-avias para lhe etiquetar o nome próprio, se entra um da mãe, dois do pai ou dois da mãe e um do pai... Depois saimos cá para fora e temos um nome. Depois vamos para a escola primária e todos nos tratam por dois nomes (é ver as crianças a dizer: "Oh mãe da Joana Pereira!". Depois vamos para o ciclo e secundária e das duas uma: ou levamos com uma alcunha, ou ficamos só com um nome. Depois há quem nos chame só pelo apelido. E depois, há quem regresse ao modo feto e volta a ter três nomes. Complica-se mais uma vez.
Uma coisa é certa, se este movimento dos três nomes dá mais prestígio à pessoa então vou-me deixar levar, porque este nome de gente pobre e de famílias pouco nobres e mal formadas não me leva a lado nenhum.

Cumprimentos, Ricardo Xavier de Antunes.

quinta-feira, agosto 27, 2009

medo de mudar

Vi o programa da manhã e começo a achar piada ao João Baião.

quinta-feira, julho 02, 2009

saliva agressiva

Se há coisa que detestamos é ter algo na cara e ninguém dizer nada. Andamos a manhã toda com aquela ramela amarelada no canto do olho, com o macaquinho à espreita na narina esquerda, com uma crostazita pendurada, ou com saliva seca no canto da boca. Para evitar estes pequenos embaraços inventaram-se os espelhos, onde podemos passar um bom bocado a tratar da nossa higiene facial. Mas isto é quando temos altura para isso. Lembro-me de ser criança, de lavar a cara e os dentes a despachar, e toca a andar para a rua. Na altura não me preocupava com essas coisas. Era criança, e os espelhos para mim não faziam muito sentido, ou pelo menos não os utilizava assim tanto. O pior vinha depois. O poder da censura higiénica parental. Detestava quando a minha mãe se armava em lavatório e me tentava limpar qualquer coisa da cara. Uma esfregadela com o dedo ou com a mão e normalmente era o suficiente...a desgraça era mesmo se essa esfregadela não resultava. Toca de molhar o dedo na boca e de me esfregar os olhos, o canto da boca e as orelhas com saliva. Eu esperneava, esbracejava e tentava a todo o custo uma fuga rápida. Em vão claro. Naquela altura a minha mãe era forte. No fim do massacre ela sorria triunfante. Eu quase que vomitava com o cheiro a saliva maternal. No fim de contas, fico feliz por não ter nascido gato.

quarta-feira, junho 24, 2009

sorry boys

Numa altura em que a emancipação gay está no seu auge, sinto que tenho de prestar um discurso ao povo. A todo o bichedo que anda por este mundo a pensar que sou maricas, um pedido de desculpas. Não, não gosto de pila, nem nunca tive curiosidade em experimentar. Sei que existem algumas coisas em mim que podiam fazer de mim maricas, mas aviso desde já que isso tudo é fruto dum erro de gestação. Provavelmente nasci para pertencer ao género "bicharéu", mas houve algo que falhou desastrosamente. Passo a explicar: Prefiro ping-pong ao futebol, fui para artes, gosto de me ver vestido com cores, quando abro o capot do meu carro só sei identificar o coisinho da água para os vidros, não tenho fantasias sexuais com duas lésbicas de volta da minha pila, bricolage para mim é algo perigoso e coisa para não me aventurar, bato sempre o pézinho quando oiço música meio abichanada, adoro dançar feita maluca, imito (assustadoramente) bem diversos tipos de panascas, chorei na eurodisney quando vi o Mickey...tiha 18 anos, choro quando o ET e o Elliot levantam voo, choro quando o pai do Simba morre, não acho piada a revistas de gajas jeitosas e desnudas, e a pior de todas...faço xixi sentado. O curioso é que apesar disto tudo não me sinto minimamente afectado com a doença das bichas, e sou feliz ao lado da minha namorada...que era bastante maria-rapaz quando era mais tenrinha.

terça-feira, abril 28, 2009

memória mínima


Grande parte da minha infância passei-a na quinta dos meus avós, a correr, a andar de bicicleta, a jogar à bola, a rasgar joelhos, a subir às árvores, a apanhar fruta, a ver o meu avô na garagem de volta das suas mecânicas ou a ver a minha avó a descascar favas e ervilhas. São memórias bem vincadas, quase como se tivessem sido vividas ontem. Há outras memórias que se vão apagando e desfazendo, mas que, graças ao poder do inconsciente, conseguimos reavê-las, nem que seja num formato mínimo. Ontem aconteceu-me isso, e soube bem. Vi esta imagem e fiquei vidrado nela. O cérebro começou a remexer, a pesquisar, e veio-me à cabeça uma memória que eu já julgava extinta. Nos dias em que chegava bastante cedo aos meus avós, e esperava pelos meus primos, ligava-me à minha amiga colorida com esperança de ver alguns desenhos animados. Infelizmente era cedo demais para desenhos animados...ou outra coisa qualquer. Então limitava-me a olhar para esta imagem. E olhava e olhava e olhava, até que começava a fazer jogos com ela. Lembro-me de escolher uma barra de cor, e imaginava-me a virá-la e a ver o que estava por trás. Uma espécie de "quantos-queres" interactivo. Talvez fosse a moca do sono, talvez fosse a imaginação fresquinha pela manhã, o que é certo é que aquilo era divertido à brava. Depois acabava-se tudo e vinham os desenhos animados. E depois dos desenhos animados vinham os meus primos. E isso é que era bom.

terça-feira, abril 21, 2009

red alert

Se há coisas que eu gosto de recordar da escola primária são: o elogio da professora aos meus desenhos; mexer na plasticina; jogar ao berlinde no recreio; fazer ditados; ouvir o Hélder a ler um texto...e a pontuação ("o João foi à escola vírgula e fez uma composição ponto final parágrafo"). Se há coisas que eu não gosto de recordar da escola primária são: os puxões de orelhas da professora; ir ao quadro; pedir à professora para ir à casa-de-banho; levar porrada no recreio; não poder escrever com tinta vermelha. Sempre achei esta última a maior parvoíce de todas... não porque não faça sentido, porque até faz, visto que o vermelho é a cor com que os professores (geralmente) corrigem os ditados, composições, cópias, exercícios e por aí a fora. O que me irrita é que a malta adulta nos dizia que não podiamos escrever a vermelho porque significava que estavamos a mandar a pessoa à merda. Era expressamente proíbido escrever com tinta vermelha, pois seria uma ofensa para a professora. Por causa desta piadinha de mau gosto por parte dos adultos, lembro-me de sofrer horrores cada vez que utilizava a tinta vermelha em mais de uma linha seguida! Os colegas do lado olhavam, avisavam-me que eu não podia, que iria ser expulso da escola, ser julgado e punido com vários castigos, e talvez chegasse à pena de morte. É claro, eu lá me assustava e toca de apagar com a borrachinha azul (especial para canetas e que arranhava tipo cimento). Agora que olho para trás, gostava de ter escrito mais a vermelho, isto porque há sempre alguém que merece ir à merda.

quarta-feira, março 11, 2009

adeus tio

Sempre me considerei um sortudo em ter uma família como a minha. Somos amigos, somos unidos, somos família como todas deveriam ser. Sempre achei que fossemos intocáveis, perfeitos e felizes. O ideal de família foi-me transmitido da melhor maneira pelas melhores pessoas. Crescer e aprender com eles fazem de mim a pessoa que sou. E estou grato por isso. Amo os meus primos, amo os meus tios e tias, amo os meus pais, irmã e avós. Hoje foi um dia triste. Mais uma despedida precipitada. E isso dói que se farta. Dói a valer. Perder um pilar da família é dos sentimentos mais estranhos que posso ter. A família feliz, amiga, unida, intocável é abalada pela lei da vida. Sabemos que é assim. As pessoas nascem para morrer. Tudo bem, aceito. O que me fode a cabeça é perder um tio tão novo. E o que me fode ainda mais a cabeça é que não podemos fazer absolutamente nada contra isso. Sabemos da notícia e resta-nos esperar. E durante esta espera desesperamos. Ele está ali...mas já não o olhamos normalmente. Olhamos já com saudade. Com uma tristeza gigantesca. Com esperança. (In)felizmente esta espera, apesar de dolorosa, foi rápida. E o tio Luís já não volta. E a família fica mais pobre. Uma pessoa com um enorme coração, humilde, prestável, lutador, Amigo. Uma pessoa especial para nós. Para mim. Lá se vão os calduços na careca do Padreco, lá se vão as amoras do Picha Gorda, lá se vão as massagens nas nossas orelhas do tio Luís. E que saudades que vou sentir tuas...

"A amizade não se faz...constrói-se"
"Devagarinho aos remos que o mar está encrespado"

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

projecto falhado

Numa era onde a velocidade é tudo, o mundo também se apressa a acabar. O fim do mundo está assustadoramente mais perto, e depois de tantas e tantas vírgulas o ponto final chegará. Com isto podemos concluir que: Ou Deus se reforma e tem como destino um universo paradisíaco, ou declara falência, visto que a clientela acabou...de vez.
Outro que vai ter que encerrar actividade é o desgraçado do Diabo. Apesar de provavelmente ter a maior enchente de sempre (o que poderia ser positivo a nível de lucros) não vai conseguir dar conta do recado. Tem duas hipóteses então: ou o Diabo continua com merdas sadomasoquistas e castigos às pobres almas, ou aproveita a maré de gente e organiza um festival do caralho...todos os dias.
A Terra ficará deserta de almas, com corpos a apodrecer, à espera que milhões e milhões de anos passem até que nasça uma nova espécie, mais inteligente, mais humilde e melhor que a nossa.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

true romance

A todos os que ainda duvidam, sim, estou muito apaixonado, feliz, cheio de novos objectivos, determinado, com força, motivado, com vontade de viver. Não estou hipnotizado ou algo do género, estou consciente e com os pés bem assentes na terra. É isto que eu quero. Viver, amar, partilhar e procriar com a minha melhor amiga. A pessoa que melhor me entende, que me ouve, que me ama, que se ri comigo, que está do meu lado e ao meu lado. Mudei, estou diferente? Não, nada disso. O mesmo Boteta que ama os amigos continua aqui. Sempre. Apenas estou mais empenhado em mim e na minha felicidade. Sei que um dia irão fazer o mesmo, por isso espero que estejam felizes por mim...aos que não estão, fodei-vos e até à vista.