sábado, junho 14, 2008

Our memory defeats us all

Acordei bem disposto. Normalmente acordo bem disposto. Deveria-me sentir culpado por acordar bem disposto? Normalmente não, mas visto que os últimos tempos não têm sido normais devia acordar pouco bem disposto. Com algum sentimento de culpa, deprimido, peso na consciência, sentir-me a pior pessoa do mundo...mas não. Desculpem, isso comigo não resulta. Errei? Sim. Culpado? Sim. Sentimento de culpa para o resto da vida? Não. Isto porque me conheço suficientemente bem, e sei que não consigo ficar mal comigo mesmo. Gosto demasiado de mim para isso. Com os outros sou demasiado bruto e decisivo a resolver as coisas. Não consigo ter paciência, não consigo confortar a pessoa, não tenho jeito, não tenho "muito coração". Peço desculpa. Não devia ser assim, mas é. É incrível ver como tenho a mesma força para me ligar e desligar das pessoas. Sempre achei que iria ser uma pessoa a transbordar de sentimentos e que as coisas más me deixariam num estado deprimente, à beira do abismo, mas estava enganado ao que parece. Lido demasiado bem com as desgraças, fico indiferente em muitos aspectos, e limito-me a aceitar as coisas tal como elas são. O mundo é fodido. É assim, é assim, ponto final. Pronto, também não sou assim tão seco...existem sempre as memórias, que nos vão fazendo tropeçar nas nossas decisões... mas vamos lá por os pés na terra. As memórias são passado, servem de base de dados à nossa vida, são autênticos álbuns de fotografias que podemos consultar quando quisermos e dar um sorriso, porque afinal de contas o passado serve só para isso: para nos rirmos do melhor e do pior que passou. O mal está em insistir no viver dessas memórias, e no viver do passado. O passado é um círculo e não permite progresso, enquanto o presente é uma linha aberta, e só a temos de seguir, em frente se possível. O futuro...bem, esse é sempre incerto e nunca devemos tentar andar mais rápido do que ele. Um dia de cada vez, com calma, vivê-lo, para chegar ao fim do dia e sorrirmos por o termos aproveitado. E no dia seguinte, acordar bem disposto. De alegria raiou o dia.

3 comentários:

Sofia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sofia disse...

Ainda na semana passada morreu um familiar relativamente próximo e eu ainda hoje não verti uma lágrima! A minha reacção foi do género: "Ai morreu? olha, paciencia!"... Nem fui a Lisboa por causa disso, nem alterei a minha rotina... Também acordei como se nada fosse... talvez seja por estar longe e não ter a minha familia à minha volta a lamentar o sucedido... Ou será que me tornei num monstro?!

O facto é que a vida continua e enquanto cá andarmos vai sempre haver sol de manhã, mesmo que não seja visível.

Um bem haja aos pinguins que voltaram da Antarctica para a blogoesfera!

Mós disse...

isto também era tópico para o The Blog!
Podia lançar luz em algumas almas penadas que por lá deambulam!

em relação à morte de familiares...
eu acho que aquando a morte de alguem nada melhor do que continuar coma normalidade, a melhor maneira de honrá-los é suportando os vivos com futuras acções!
agora, que sinto remorsos por não ter estado mais tempo com a pessoa em vida... isso sinto!