terça-feira, novembro 29, 2005

pode-me dar uma mãozinha?

Mais uma voltinha no comboio, mais uma história...e esta bastante paranormal. Apanhei o comboio das 17h30, e lá me sentei no primeiro lugar que vi livre. O comboio arrancou e lá me aconcheguei e encostei-me ao vidro. Os meus olhos ardiam e fechavam cada vez mais. Tudo estava pronto para a bela da soneca. É claro que não foi bem assim...vi uma rapariga sentar-se ao meu lado, muito exaltada, abriu a mala, tirou de lá um caderno todo colorido e abriu-o. Deu para ver que se tratava de um texto escrito à mão, uma espécie de poema...não percebi muito bem devido à falta de legibilidade da coisa. Ela lá se acalmou e eu voltei ao meu início de sesta. Eu estava com a mochila em cima das pernas e com as mãos em cima da mochila. Já estava na fase em que bastava fechar os olhos e adormecia, quando olhei lá para fora, e vi um grande movimento na estrada. Tinha havido um desastre, nada de grave, uma pancadinha, uns faróis partidos e um pára-choques arranhado. Voltei a fechar os olhos e nesta altura ouvi: “Desculpe...posso-lhe fotografar as mãos? É que são muito bonitas”....O que eu dava para sair dali...Lá soltei uma gargalhada envergonhada e respondi “Ai é? Obrigado, podes tirar, é na boa” (não,não era na boa...eu estava era completamente vermelho e estava com medo que a minha cabeça rebentasse). Ela lá focou as minhas belas mãos, e clic, já está. Agradeceu-me e disse que estava cheia de vergonha, mas que não conseguiu resistir. Eu disse-lhe que não havia problema e virei-me para o vidro (a merda disto tudo é que já estava de noite, e os vidros ficam espelhados...logo quando olhava para o vidro, não via a paisagem, mas sim a vizinha fotógrafa). Ficou um ambiente estranho e eu tinha de agir. Voltei-me para ela e perguntei-lhe se estava a tirar algum curso de fotografia. Ela respondeu-me que não, que era só um hobbie, e calou-se. A partir daqui não podia fazer mais nada...além de não ser bom a fazer conversa, não havia nada a dizer. Lá me virei novamente para o meu cantinho, e tentei dormir, mas em vão. Já eu pensava noutros assuntos quando mais uma vez a rapariga disse: “Desculpe...posso-lhe fazer mais uma pergunta?”. Eu disse que sim. “Posso-lhe perguntar o que faz? É que estou aqui com umas ideias para as fotografias, blá blá blá”. Eu comecei a falar, ela disse-me que estava no 12º e que queria ir para filosofia, mas que adorava fotografar. De repente levanta-se, disse obrigado mais uma vez e correu para a porta. Enfim, um momento surreal para mais tarde recordar, nem que seja num diário de pitas. A questão é...qual é a beleza de umas mãos cheias de calos, cortes e pelos? Só a mim...

2 comentários:

Anónimo disse...

é com cada uma,o mundo está louco e perdido...

Anónimo disse...

Eu mostrava-lhe era a minha mãozinha! LOL!!